Eu lembro.
O coração batia forte, acelerado, ansioso.
Entrava, sentava, e ficava olhando pela janela.
Tudo pequeno lá embaixo.
O tempo passando, chegando a hora.
O manto de nuvens, o recosto dos anjos.
O brilho do metal, o som das turbinas, o infinito do horizonte.
O plástico da mesinha, o plástico da aeromoça,
O plástico da comida, o plástico da bebida.
E os anjos lá fora, brincando em cima de algodão-doce.
Quando ficava um tempo sem nada é porque tava no meio.
Quando ficava cheio de círculos lá embaixo,
É porque tava chegando.
Aí ele quase saía pela boca.
Eu lembro.
Como se fosse ontem.